Ex-treinador do são-paulino e atual consultor técnico do Palmeiras afirma que ensinou goleiro a aprimorar reposição de jogo: 'Eu me sinto orgulhoso'
Já faz tempo que os olhos precisos detectaram um goleiro com potencial. E a escolha, depois de quase 20 anos, ainda é celebrada. Do outro lado do muro, coladinho com o CT do São Paulo, Valdir Joaquim de Moraes, ex-goleiro nos anos 60 e atualmente consultor técnico no Palmeiras, vê Rogério Ceni aplicar em campo alguns dos seus ensinamentos. Responsável por promover o são-paulino ao time principal, o veterano de 79 anos mantém fresco na memória o momento em que decidiu levar o jovem arqueiro para treinar no time profissional.
- Eu fiquei sabendo que ele estava querendo sair do São Paulo porque achava que não teria oportunidade no profissional. Acho que ele via o Zetti sempre muito bem e não acreditava que poderia chegar lá. Acredito que por isso tinha a ideia de voltar a morar com os pais. Mandei chamá-lo e falei para o Telê (Santana, treinador na época) que daria um bom goleiro. Só não imaginava que ele um dia seria tudo isso. Nós fazemos previsões, mas ele era apenas um garoto - afirmou Valdir.
A mudança de curso na vida de Rogério Ceni ocorreu em 1992, quando ele tinha 19 anos. Valdir de Morais conta que nos treinos o arqueiro foi aprimorando um dom que já tinha e que poucos goleiros se habilitam a desenvolver. Segundo o veterano, Ceni apresentava talento com os pés. Mas a batida na bola ainda não era a ideal para um atleta que pretendia ser titular do São Paulo.
- Ele bate na bola quase que com perfeição, e eu me importava que ele melhorasse isso quando começou. Ficávamos treinando reposição de bola, algo que ele não sabia fazer muito bem no início. Hoje, quando o vejo batendo faltas, percebo que tem um dedinho meu ali. Mas é só um pouquinho, o resto é todo dele - disse, orgulhoso do discípulo.
A aplicação que Ceni apresenta em uma fase mais experiente da vida já era vista quando jovem, segundo Valdir. Por isso, o agora rival palmeirense não se surpreende com o fato de o jogador ter alcançado a marca de 100 gols na carreira.
- Eu me sinto orgulhoso, como um pai que cria bem um filho. Costumo trabalhar nos atletas tanto a parte profissional e técnica quanto o lado psicológico. Por isso até hoje temos amizade. Somos adversários somente em campo, mas amigos na vida.
O carinho que o mestre tem com o aprendiz, hoje mundialmente conhecido, é recíproco. Com 100 gols anotados na carreira e o brilho de uma trajetória vitoriosa também com as luvas em ação, Ceni fez elogios ao professor do início de caminhada no São Paulo.
- Seu Valdir foi importante no meu desenvolvimento como goleiro. Ele me ensinou 90% da parte técnica que hoje sei. Também trabalhou muito aquele acabamento final e lapidou a minha formação técnica. É um cara com o qual tenho uma dívida de gratidão muito grande - ressaltou o ídolo tricolor, sempre enaltecendo quem fez parte de seu passado.
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