Palmeiras e São Paulo se enfrentam neste domingo, valendo o título do Campeonato Paulista, comandados por treinadores jovens, que iniciaram a nova carreira quase juntos, mas já somam títulos expressivos. E que agora lideram projetos em estágios diferentes.
Se o trabalho de Abel Ferreira se consolidou com as conquistas que dão ao treinador o conforto de um contrato renovado até o fim de 2024, a campanha liderada por Rogério Ceni tem uma reformulação ainda em andamento, mas que começa a dar resultados.
Quase juntos
Aos 43 anos, Abel vive intensamente o Palmeiras desde novembro de 2020 e ainda constrói um início de carreira como treinador. O Verdão é o terceiro clube (e disparado o mais importante) comandado pelo ex-lateral-direito em um elenco principal.
A trajetória de Abel como técnico de equipes profissionais começou no Braga, em abril de 2017, quando ele foi retirado da equipe B e efetivado na principal. Foi no Brasil o primeiro título na nova função, meses após desembarcar em São Paulo. Hoje, em uma sequência de finais, está entre os maiores da história palmeirense, principalmente por causa das duas Libertadores conquistadas.
Um dos maiores ídolos da história do São Paulo, Rogério Ceni iniciou sua trajetória fora de campo no clube do Morumbi, também em 2017, só que desde o começo da temporada. Retornou ao Tricolor no ano passado, após passagens por Fortaleza, Cruzeiro e Flamengo.
O treinador de 49 anos tenta neste domingo seu primeiro troféu no comando são-paulino, mas soma títulos importantes em outros clubes – como dois Brasileiros, um da Série A e outro da Série B, por Flamengo e Fortaleza, respectivamente.
Abel exalta rival e prega respeito
O discurso de Abel Ferreira em relação a Rogério Ceni foi sempre de respeito e exaltação pelos feitos conquistados pelo ex-goleiro, em uma relação que começou em confrontos contra o Flamengo e se estendeu ao Choque-Rei.
Na última terça-feira, em entrevista coletiva na sede da Federação Paulista, o português mais uma vez elogiou o trabalho comandado pelo adversário deste domingo.
– (O Ceni) Em pouco tempo conseguiu implementar sua ideia de jogo, o 4-2-2-2 é uma forma difícil de se parar, tem muita mobilidade. É normal. O processo de aprendizagem é esse. Eles passaram por um período turbulento, deram a volta e chegaram à final com maturidade competitiva. Você vê uma equipe com processos, com identidade – afirmou o palmeirense.
Desde que chegou ao Brasil, Abel Ferreira tem adotado postura de valorizar o futebol brasileiro. Por diversas vezes, ressaltou que o problema da grande rotatividade de treinadores no país tem a ver com os dirigentes e os clubes e não com os profissionais.
No Verdão, a comissão técnica portuguesa tem sido destaque pelo desempenho estratégico da equipe, principalmente em momentos de decisão. As análises táticas e a preparação emocional são motivos de elogios nos bastidores da Academia.
Nos gramados brasileiros, Rogério Ceni tem se apresentado como um adversário complicado para Abel Ferreira. Em seis jogos, o português venceu apenas uma vez, com mais um empate e quatro derrotas.
A primeira vitória foi na fase de grupos do Paulistão – 1 a 0, gol de Rony. Neste domingo, Abel tenta seu primeiro título contra Ceni, que já levou a melhor na Supercopa de 2021, pelo Flamengo.
Abel x Ceni: histórico de jogos
21/01/2021 - Flamengo 2 x 0 Palmeiras - Brasileirão
11/04/2021 - Flamengo (6) 2 x 2 (5) Palmeiras - Supercopa
30/05/2021 - Flamengo 1 x 0 Palmeiras - Brasileirão
17/11/2021 - Palmeiras 0 x 2 São Paulo - Brasileirão
10/03/2022 - São Paulo 0 x 1 Palmeiras - Paulistão
30/03/2022 - São Paulo 3 x 1 Palmeiras - Paulistão
Ceni quer ler o livro de Abel
Rogério Ceni não esconde a admiração pelo trabalho de Abel Ferreira no Palmeiras. Publicamente, o discurso de respeito ressurgiu nas vésperas da decisão do Paulistão, com elogios constantes ao português durante as entrevistas que antecederam o duelo.
– O Abel tem um esquema definido. A partir do momento em que ganha a Libertadores, o treinador ganha força, e o clube confia bastante, dá liberdade para ele trabalhar – afirmou o treinador.
– A partir dali, o Palmeiras começa a ter variações: diversas peças, modelos, para que possa se adequar ao adversário, com time mais defensivo, mais alto. Esse primeiro título deixa o Abel mais à vontade, deixa o Abel mais tranquilo – discursou Ceni.
Internamente, fora dos microfones, Ceni também valoriza muito o trabalho do técnico palmeirense. Fã de conteúdos literários sobre futebol, o ex-goleiro pretende ler o livro de Abel Ferreira em breve. Para escrever o seu como treinador, porém, faltam conquistas mais importantes, segundo análise pessoal.
Essa admiração de Ceni resulta em uma preparação esmiuçada para as decisões contra Abel. Ciente da valorização dos detalhes por parte do treinador rival, o são-paulino fez uma preparação intensiva nos dias antes da final.
Antes do primeiro jogo no Morumbi, por exemplo, Ceni assistiu repetidamente aos primeiros minutos do duelo pela fase de grupos, quando o Palmeiras dominou e saiu na frente com gol de Rony, uma vantagem sustentada até o fim pela equipe alviverde.
0 Comentários